Segunda Seção

A profissão da fé cristã: os símbolos da fé

A Necessidade de uma Linguagem Comum da Fé

A comunhão na fé requer uma linguagem comum que seja normativa para todos e una os fiéis na mesma confissão de fé. Desde o início, a Igreja apostólica expressou e transmitiu sua fé em fórmulas breves e normativas, destinadas especialmente aos candidatos ao batismo.​

Símbolos da Fé: Profissões de Fé

Essas fórmulas são chamadas de “profissões de fé”, “Credo” ou “símbolos da fé”. O termo “symbolon” (grego) referia-se a um sinal de identificação e comunhão entre os crentes, além de significar resumo ou sumário das principais verdades da fé.​

Estrutura Trinitária do Símbolo da Fé

A primeira profissão de fé ocorre no batismo, articulando-se segundo as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. O Símbolo divide-se em três partes:​

  • Primeira Pessoa divina e a obra da criação.

  • Segunda Pessoa divina e o mistério da Redenção.

  • Terceira Pessoa divina, fonte da santificação.​

Essas partes são subdivididas em “artigos”, tradicionalmente doze, simbolizando os doze Apóstolos.​

Diversidade e Unidade dos Símbolos da Fé

Ao longo dos séculos, diversas profissões de fé foram formuladas, como o Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Nenhum desses símbolos é considerado ultrapassado; todos ajudam a aprofundar a fé de sempre.​

Recitação do Credo: Comunhão com Deus e a Igreja

Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e também com toda a Igreja que transmite a fé. Este Símbolo é considerado o selo espiritual, a meditação do coração e o tesouro da alma.​


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Subsecções de Segunda Seção (185-197)

Capítulo I

Creio em Deus Pai

Introdução

A nossa profissão de fé começa por Deus, porque Deus é “o Primeiro e o Último” (Is 44, 6), o Princípio e o Fim de tudo. O Credo começa por Deus Pai, porque o Pai é a Primeira Pessoa divina da Santíssima Trindade; o nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus.


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Subsecções de Capítulo I (198)

Artigo I

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra”

Introdução

Este artigo do Catecismo da Igreja Católica inicia a exposição detalhada do Credo, a profissão de fé cristã. Ele aborda a crença fundamental em Deus Pai, reconhecido como todo-poderoso e criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. A seção explora a natureza de Deus, Sua revelação ao longo da história da salvação e Seu papel como origem e fim de toda a criação.​

Ao afirmar “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso”, os fiéis expressam sua confiança em um Deus que é ao mesmo tempo Pai amoroso e Senhor soberano do universo. Esta crença estabelece a base para a compreensão dos demais artigos do Credo, que desenvolvem a fé na Trindade e na obra redentora de Cristo.​

Estudar este artigo é essencial para aprofundar a compreensão da identidade de Deus e do relacionamento pessoal que Ele deseja estabelecer com cada ser humano.


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Subsecções de Artigo I

Parágrafo I

Creio em Deus

I. “Creio em um só Deus”

A profissão de fé cristã inicia-se com a afirmação fundamental: “Creio em Deus”. Esta declaração é a base de toda a fé cristã, pois todos os artigos do Credo dependem dela. A fé cristã professa a existência de um único Deus, por natureza, substância e essência. Esta crença na unicidade de Deus é uma continuidade da Revelação divina na Antiga Aliança, onde Deus se revelou a Israel como o único Senhor: “Escuta, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6,4-5). Jesus confirma essa unicidade, afirmando que é necessário amar a Deus com todo o coração, alma, entendimento e forças. Ao mesmo tempo, Jesus revela que Ele próprio é o Senhor, e a fé cristã reconhece que crer em Jesus e no Espírito Santo não contradiz a fé em um único Deus, mas a aprofunda.​

II. Deus revela o seu nome

Deus revelou-Se progressivamente ao seu povo, dando-lhe a conhecer o seu nome. O nome exprime a essência e a identidade da pessoa. Deus revelou o seu nome a Moisés como “Eu sou Aquele que sou” (Ex 3,14), indicando que Ele é o Ser por excelência, eterno e imutável. Este nome misterioso, YHWH, expressa que Deus é o Deus vivo, fonte de toda a vida e existência. Ao revelar o seu nome, Deus manifesta-se como fiel, compassivo e próximo do seu povo.​

III. Deus, “Aquele que é”, é verdade e amor

Deus é a verdade, pois é a fonte de toda a verdade e não pode enganar nem ser enganado. Ele é fiel às suas promessas e conduz o seu povo com amor e fidelidade. Deus é também amor, pois se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo, uma comunhão eterna de amor. Ao criar o mundo e redimir a humanidade, Deus manifesta o seu amor infinito e convida os homens a participarem da sua vida divina.​

IV. As implicações da fé em Deus

Crer em Deus implica conhecê-Lo, confiar n’Ele e amá-Lo acima de tudo. A fé em Deus leva à gratidão por tudo o que Ele fez, à confiança em todas as circunstâncias e ao reconhecimento da unidade e dignidade de todos os seres humanos, criados à imagem de Deus. A fé em Deus é o fundamento da esperança e da caridade, e orienta toda a vida cristã.


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Parágrafo II

O Pai

I. “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”

A fé cristã é essencialmente trinitária. Os cristãos são batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19), professando assim sua fé na Trindade. A fórmula “em nome” (e não “nos nomes”) indica a unidade de Deus em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.​

II. A Revelação de Deus como Trindade

O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo, a fonte de todos os outros mistérios da fé e a luz que os ilumina. Toda a história da salvação é a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e se une aos homens que se afastam do pecado.​

Os Padres da Igreja distinguem entre “Theologia” (o mistério da vida íntima de Deus-Trindade) e “Oikonomia” (todas as obras de Deus pelas quais Ele se revela e comunica sua vida). É pela “Oikonomia” que nos é revelada a “Theologia”; mas, inversamente, é a “Theologia” que esclarece toda a “Oikonomia”. As obras de Deus revelam quem Ele é em si mesmo; e, inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina o entendimento de todas as suas obras.​

III. A Formação do Dogma Trinitário

A fé apostólica relativa ao Espírito Santo foi confessada pelo segundo concílio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381: “Cremos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai”. A Igreja reconhece assim o Pai como “a fonte e a origem de toda a Divindade”. Contudo, a origem eterna do Espírito Santo não está desligada da do Filho: “O Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza… Contudo, não dizemos que Ele é somente o Espírito do Pai, mas, ao mesmo tempo, o Espírito do Pai e do Filho”.​

A tradição latina do Credo confessa que o Espírito “procede do Pai e do Filho (Filioque)”. O Concílio de Florença, em 1438, explicita: “O Espírito Santo […] recebe sua essência e seu ser ao mesmo tempo do Pai e do Filho, e procede eternamente de um e do outro como de um só Princípio e por uma só espiração”.​

IV. A Trindade na Vida Cristã

Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, somos chamados a participar na vida da Trindade bem-aventurada; para já, na obscuridade da fé, e depois da morte na luz eterna.​

A fé católica é esta: venerarmos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as Pessoas nem dividir a substância: porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas do Pai e do Filho e do Espírito Santo é só uma a divindade, igual a glória e coeterna a majestade.​

Inseparáveis no que são, as pessoas divinas são também inseparáveis no que fazem. Mas, na operação divina única, cada uma manifesta o que Lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.


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Parágrafo III

O Todo-Poderoso

A Onipotência de Deus

De todos os atributos divinos, a onipotência é a única mencionada explicitamente no Credo. Confessar que Deus é todo-poderoso tem grande importância para a nossa vida, pois acreditamos que:​

  • Sua onipotência é universal: Ele criou tudo, governa tudo e tudo pode.​

  • É amorosa: Deus é nosso Pai e manifesta seu poder cuidando de nossas necessidades, concedendo-nos a adoção filial e perdoando nossos pecados.​

  • É misteriosa: Só a fé pode discerni-la, especialmente quando “ela atua plenamente na fraqueza” (2 Cor 12,9).​

As Escrituras frequentemente exaltam o poder de Deus, chamando-O de “o Poderoso de Jacó”, “o Senhor dos Exércitos”, “o Forte, o Poderoso”. Ele é o Senhor do universo e da história, governando os corações e os acontecimentos segundo Sua vontade.​

A Onipotência Paterna de Deus

Deus é o Pai todo-poderoso. Sua paternidade e poder esclarecem-se mutuamente. Ele manifesta sua onipotência paterna:​

  • Cuidando de nossas necessidades.​

  • Concedendo-nos a adoção filial: “Serei para vós um Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas” (2 Cor 6,18).​

  • Perdoando livremente os pecados, demonstrando assim sua infinita misericórdia.​

A onipotência divina não é arbitrária; em Deus, o poder está unido à essência, vontade, inteligência, sabedoria e justiça.​

O Mistério da Aparente Impotência de Deus

A fé em Deus Pai todo-poderoso pode ser desafiada pela experiência do mal e do sofrimento. Por vezes, Deus pode parecer ausente ou incapaz de impedir o mal. No entanto, Deus revelou sua onipotência de maneira misteriosa na humilhação voluntária e na ressurreição de Seu Filho, vencendo assim o mal. Cristo crucificado é “força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor 1,25). Foi na ressurreição e exaltação de Cristo que o Pai exerceu a eficácia de sua poderosa força, mostrando a incomensurável grandeza de seu poder para os crentes (cf. Ef 1,19-22).​

A Fé na Onipotência de Deus

Somente a fé pode aderir aos caminhos misteriosos da onipotência de Deus. Essa fé se gloria nas fraquezas para atrair a si o poder de Cristo. A Virgem Maria é o modelo supremo dessa fé, pois acreditou que “a Deus nada é impossível” (Lc 1,37) e proclamou: “O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas; ‘Santo’ é o seu nome” (Lc 1,49).​

Nada é mais adequado para firmar nossa fé e esperança do que a convicção de que nada é impossível a Deus. Tudo o que o Credo nos propõe, mesmo as coisas mais incompreensíveis e sublimes, pode ser admitido facilmente quando se tem a ideia da onipotência divina.


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