Jesus Cristo

A Lei Antiga Cumprida e Superada

Introdução

“Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição." (Mt 5,17)

Desde os tempos antigos, o povo de Deus foi conduzido por uma aliança fundada na Lei dada por Deus a Moisés no monte Sinai. Esta Lei, conhecida como Lei Mosaica, guiava os israelitas na justiça, no culto e na moral. Ela era santa, pois vinha do próprio Deus (cf. Rm 7,12). Mas também era provisória, uma preparação para algo maior.

“Com isso, está abolida a antiga legislação, por causa de sua ineficácia e inutilidade. Pois a Lei nada levou à perfeição. Apenas foi portadora de uma esperança melhor que nos leva a Deus.” (Hebreus 7,18-19)

São Paulo ainda nos ensina que “a Lei foi o nosso pedagogo até Cristo” (Gl 3,24). A Lei ensinava o povo a reconhecer o pecado, a necessidade de conversão e a santidade de Deus. Mas não tinha o poder de salvar, apenas mostrava o caminho. A salvação vem pela graça de Deus em Cristo, e não pelas obras da Lei (cf. Rm 3,20-24).

Portanto, a Lei é boa, mas incompleta. Ela nos conduziu até o Salvador. Agora que Cristo veio, não vivemos mais sob o jugo da antiga Lei, mas na liberdade dos filhos de Deus (cf. Gl 4,4-7).

Assim, quando Jesus afirma em Mateus 5,17 que não veio abolir a Lei, Ele nos mostra que veio cumpri-la e levá-la ao seu objetivo final: Ele próprio. Jesus nos revela um mistério profundo: a Lei Antiga era sombra, Ele é a realidade (cf. Cl 2,16-17); a Lei preparava os corações, Cristo traz a plenitude. Logo, a função da Lei se encerra, porque agora temos a graça.

Como Jesus cumpre e supera a Lei?

Cumprir a Lei não é simplesmente obedecer a regras. Cumprir, no sentido bíblico, é levar à perfeição, dar pleno sentido. Jesus não destrói a Lei, mas a leva à sua finalidade última. Tudo o que a Lei apontava de forma simbólica e pedagógica se realiza n’Ele:

  • Os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício de Cristo na cruz (cf. Hb 10,1-14);

  • O sacerdócio levítico preparava o caminho para o único Sumo Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedec (cf. Hb 7,17);

  • As purificações rituais indicavam a verdadeira purificação do coração pelo Espírito Santo;

  • Os mandamentos da moral são elevados por Cristo ao nível do amor perfeito;

  • O Templo de Jerusalém passa a ser o Corpo de Cristo e a Igreja (cf. Jo 2,19-21);

  • A aliança com Deus deixa de ser a circuncisão da carne e passa a ser o Batismo e a fé (cf. Rm 2,29);

  • O descanso físico do sábado dá lugar ao descanso espiritual em Cristo (cf. Mt 11,28).

Jesus ainda traz uma profundidade moral à Lei Mosaica:


“Não matarás” é transformado em um chamado à reconciliação interior:

“Quem se encoleriza com seu irmão será réu” (Mt 5,22);


“Não adulterarás” torna-se um convite à pureza de intenção:

“Quem olhar para uma mulher com desejo já cometeu adultério no coração” (Mt 5,28);


“Amarás o teu próximo” se amplia ao chamado de amar inclusive os inimigos:

“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5,44).


Ou seja, Jesus vai à raiz do pecado, não apenas à sua exteriorização. A moral cristã é mais exigente, pois quer a transformação interior, não apenas a conformidade externa.

“Se Deus fala de uma aliança nova é que ele declara antiquada a precedente. Ora, o que é antiquado e envelhecido está certamente fadado a desaparecer.” (Hb 8,13)

Assim, Jesus não cancela a Lei, mas a transcende, levando-nos da letra da Lei à plenitude do Espírito e nos capacitando a viver na graça.

A Nova Lei de Cristo

A Nova Aliança, selada no Sangue de Cristo (cf. Lc 22,20), traz uma Nova Lei, escrita não em tábuas de pedra, mas nos corações (cf. Jr 31,31-33). Esta Lei é o Espírito Santo agindo no interior do cristão. Ela se resume no mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34).

Como ensina o Catecismo da Igreja Católica:

“O Antigo Testamento prepara o Novo, enquanto o Novo cumpre o Antigo; ambos se iluminam mutuamente; ambos são verdadeira Palavra de Deus.” (CIC, 140)

Isso significa que não rejeitamos o Antigo Testamento, mas o lemos à luz de Cristo. Toda a história da salvação converge n’Ele.

Alguns podem pensar que, ao superar a Lei, Jesus nos deixou livres para fazer o que quisermos. Mas isso é um engano. Cristo não aboliu a moral, Ele a aprofundou. A graça nos liberta do pecado, não para o pecado.

São Paulo é claro: “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para praze­res carnais.” (Gl 5,13).

Ser livre em Cristo é ser livre para o bem, para o amor, para a santidade.

A Santa Missa: o novo culto

Um dos aspectos mais visíveis da superação da Lei Antiga está no culto. A antiga aliança era marcada por sacrifícios contínuos no Templo. Mas agora, em Cristo, temos um único e eterno sacrifício, tornado presente na Santa Missa.

Como diz a Carta aos Hebreus:

“Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus.” (Hb 10,12)

O culto antigo foi cumprido e superado.

A Eucaristia é o centro da Nova Aliança, o memorial vivo da Páscoa de Cristo. Ela é o sacrifício de Cristo atualizado sacramentalmente, alimento da alma e cume da vida cristã.

Conclusão

“Porque Cristo é o fim da Lei, para justificar todo aquele que crê.” (Rm 10,4)

Cristo não destruiu a Lei, mas a levou à perfeição. Ele é o cumprimento de tudo o que foi anunciado: as promessas, os símbolos, os mandamentos. N’Ele, a Lei se torna vida, graça e verdade.

Por isso, como cristãos católicos, reconhecemos a beleza da Lei Antiga, mas não vivemos mais sob seu jugo. Vivemos na Nova Aliança, sustentados pela graça, iluminados pela verdade e guiados pelo Espírito Santo, no caminho da santidade e do amor. 😊

Por Minha Fé Católica - 27/03/2025


www.minhafecatolica.com.br